Estanys de Certascan e Naorte

Estanys de Certascan e Naorte- 03/07/17

Desde antes de vir para a Catalunha que eu tinha vontade de visitar a região desses lagos, tendo visto eles no google maps e marcando com uma estrelinha, pensando no dia que eu os visitaria. Pois bem, agora nós fomos e podemos contar como foi!

Saímos cedo de La Seu, passamos por cima das montanhas que levam a Sort (esse caminho já está ficando conhecido!) e de lá seguimos o vale na direção norte até a vila de Tavascan. A cidade é minúcula, mas possui alguma estrutura para explorar as altas montanhas que a cercam, como hotéis e jipes. Passamos a cidade e entramos na estrada de terra, mas logo nossas expectativas foram frustradas, pois o caminho que subia até mais próximo dos lagos estava fechado por uma corrente e havia uma placa que dizia que só proprietários podiam passar. Sem querer desanimar, estacionamos o carro e seguimos a pé, afinal uma placa de trânsito só pode legislar sobre a passagem de veículos, mas não de pedestres!

Esse contratempo acrescentou em torno de 3h de caminhada ao nosso dia, em torno de 14km a mais de caminhada e imagino que uns 600m a mais de desnível. Isso sem contar a redução de velocidade que tivemos pelo resto do dia, decorrente da fadiga. Certamente a caminhada ainda assim valeu o dia, mas tivemos muito mais dificuldade para terminar e algumas consequencias, como lesões por impacto e queimaduras de sol.

De qualquer jeito, subimos pela estrada até chegarmos em uma cachoeira, no fundo do vale. Até agora não sei o nome dessa cachoeira! Ali, não encontramos mais o caminho (a estrada seguia para outro lado), mas sabíamos pelo mapa que o lago estava pouco acima de nós. Então perguntamos para 2 funcionários do que parecia uma companhia de energia e que trabalhavam ali se eles sabiam o caminho. Eles nos disseram que teríamos que dar uma volta pela estrada mesmo, um caminho bem longo.

Bom, nós não temos tanto apego assim pelos caminhos oficiais, e decidimos então subir pela encosta, acompanhando a cachoeira! A escalada não foi difícil, mas o terreno, apesar de inclinado, estava bem encharcado, e a Ju pontuou que era o primeiro brejo de encosta que ela via na vida! Eu molhei o pé logo no começo, o que me rendeu uma bolha bem incômoda pelos próximos dias…

Após essa escalada off trail, encontramos o caminho já no topo. Seguimos por ele até o refúgio La Porta del Cel, uma casinha muito arrumadinha quase no lago. Ali, fomos avisados para amarrar o Picot, pois o burro que ali habitava não simpatizava com cães e os atacava. E nós, que inocentemente estávamos preocupados com os ursos que habitam a região, quando o perigo real era o burro!

Logo depois disso, chegamos no que talvez seja o lago mais bonito que já vi na vida. Ele se escondia quase no topo dos Pirineus, a poucos metros da divisa com a França. As montanhas em volta eram imponentes, e a água do lago de um azul escuro surpreendentemente transparente. Podíamos ver a uma profundidade que estimamos ser de 15 metros, mesmo ainda sendo muito próximo da margem, já que o lago afundava muito rápido. A água era extremamente fria, e com isso desistimos de qualquer ideia de tentar nadar.

Não ficamos muito tempo ali, já que o atraso da estrada fechada já tinha nos custado muito, e tínhamos horário para chegar de volta na cidade… Pegamos a trilha que saia desse lago e seguia até o Estany de Naorte, menor e em terreno mais baixo. O caminho foi todo pontuado por pequenos riachos de água transparente, onde matávamos a sede e o Picot se refrescava. Ao chegar no Naorte, paramos um pouco para descansar. Esse lago fica em um local bastante curioso. Logo ao lado dele está um paredão, por onde o ponto em que a água sai dele faz uma cachoeira bem alta. A vista do outro lado do lago faz parecer que ele flutua acima do vale, ameaçando cair a qualquer instante!

Deste ponto, a volta foi pautada por uma descida interminável, onde nenhum de nós três conseguiu completá-la impunemente. O Picot se jogava em qualquer sombra que encontrava, a Ju reclamava de dores em locais variados e eu sentia meu pé rachando no ponto em que ele havia molhado. Mas no final conseguimos chegar sem graves consequências, e o caminho de volta foi também bastante tranquilo. Não fosse as imposições de uma propriedade privada em meio a uma área de preservação (o que me deixou bastante irritado, alguém ser dono de um pedaço de um parque natural) teríamos uma experiência menos sofrida para relatar.

La seu - tavascan

La Seu – Tavscan

Tavascan - Camí

Tavascan até o ponto onde tivemos de deixar o carro

Rota dos estanys

Rota aproximada (mal desenhada no paint) que fizemos a pé. O google não reconhece como trilha possível a pé (talvez por isso tenha sido tão bonita e tão dolorida hehehe)!

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A cachoeira

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O dia em que escalamos o brejo!

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Pequeno lago após a cachoeira e antes do refúgio

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Estany de Certascan

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Estany Naorte

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Walden feelings

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Ultimo estany pequeno, antes de voltarmos pra estrada (esse tem acesso bem próximo para carros, mas apenas os jipes autorizados).

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