A música e os museus

Hoje descobri (?) uma (nova?) forma de passar meu tempo em museus. Quem viaja sabe que o tempo é curto e as atrações são muitas, e, por isso, acabamos andando demais, vendo muita coisa em pouco tempo. E o excesso de museus acaba gerando uma estafa física e mental. Além de horas e mais horas andando é em pé, depois de dois ou três dias vendo maravilha atrás de maravilha, a mente cansa também, e a alma esgota. Haja alma nessas horas!
São tantos guias, placas e panfletos para ler, que começamos a perder o interesse pelas obras expostas, depois de um tempo, devido ao volume de informação.
Hoje, ao entrar no quinto museu em três dias consecutivos, senti corpo, mente e alma exauridos. A planta dos pés chiou, a mente começou a entrar em estado de torpor, os olhos não absorviam mais, as palavras perderam o sentido e a alma divagou.
Nesse momento, um anjinho de luz e inspiração me soprou uma idéia. Peguei o iPod na bolsa, escolhi alguns artistas e coloquei suas músicas no aleatório. Desliguei o audioguia, dobrei o mapa do museu e coloquei no bolso de trás do short e respirei fundo.
A música imediatamente clareou os olhos, dissipou a névoa da mente, ressuscitou a alma. Os pés quiseram dançar e em passos lépidos comecei minha jornada muito pessoal pelo Museo Nacional del Prado, no ritmo das músicas.
Quando percebi, já tinha rodado o museu todo, parando em frente daquilo que me captava a atenção. Fiz uma experiência desvinculada do nome do artista ou importância das obras e me maravilhei com Goyas, Velazqués e Caravaggios, além de muitos outros.
Nessa jornada musical comecei a perceber detalhes dos quadros que nada tinham a ver com as tradicionais análises das pinturas e sim com a minha percepção momentânea. No final conferi no mapa se tinha visto as principais obras e verifiquei que sim!
Por vezes percebi pequenos detalhes nos quadros, pontos de luz, jogos de luz e sombras, belezas e horrores em detalhes do fundo, que me cansariam e até entediariam caso fizesse uma visita mais tradicional.
Que venham mais museus, mais belas pinturas, esculturas, e, sempre, mais música!

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